quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O Duelo - Um Espírito Protetor - Bordeaux, 1861




13 - O duelo, que antigamente era chamado de julgamento de Deus, é um desses costumes bárbaros que ainda têm vestígios na sociedade. O que diriam se vissem dois adversários mergulhados em água fervente ou em contato com um ferro em brasa, para resolverem suas questões e dar ganho de causa para aquele que melhor suportasse a prova? Diriam tratar-se de costumes insensatos. Pois o duelo é ainda pior que tudo isso. O duelista habilidoso comete um assassinato a sangue-frio, pois, com toda ação planejada antecipadamente, está seguro do golpe que desferirá. Para o adversário, quase certo de que vai morrer na luta, em razão de sua fraqueza e inabilidade, é um suicídio cometido com a mais fria reflexão. Muitas vezes, procuramos evitar o duelo usando a alternativa, igualmente criminosa, que elege o acaso como juiz. Mas isso é o mesmo que voltar ao que chamávamos de julgamento de Deus, na Idade Média. Porém, naquela época, éramos infinitamente menos culpados, pois até mesmo a denominação julgamento de Deus indicava uma fé ingênua na justiça divina, que não deixaria morrer um inocente. No duelo, tudo é resolvido pela força bruta, onde o ofendido é quem geralmente morre.

Estúpido amor-próprio, tola vaidade e louco orgulho! Quando iremos trocar tudo isso pela caridade cristã, pelo amor ao próximo e pela humildade que Cristo tanto ensinou e deu o exemplo? Somente quando isso acontecer é que irão desaparecer da Terra esses costumes monstruosos que ainda governam os homens e que as Leis são impotentes para reprimir. Não basta impedir o mal e querer o bem. É preciso que o sentimento do bem e do horror ao mal estejam gravados no coração do homem.

O Evangelho Segundo o Espiritismo | Allan Kardec | Por Claudio Damasceno Ferreira Junior Capítulo 12 | Página 155 | Amem os seus Inimigos

Nenhum comentário:

Postar um comentário