Francisco Xavier - Bordeaux, 1861.
14 - Que juízo farão de mim, se eu me recusar a tirar satisfação daquele que me ofendeu? Os loucos e os homens atrasados, como vocês, irão me censurar. Porém, aqueles que são esclarecidos, intelectual e moralmente, dirão que eu agi com muita sabedoria. Reflita um pouco: por uma palavra inofensiva, muitas vezes, dita sem querer, seu orgulho fica machucado e, ao responder de maneira agressiva, acontece a provocação. Antes que chegue o momento de tomar uma atitude decisiva, pergunte a si mesmo: "Será que agir como cristão? Se você eliminar da sociedade um de seus membros, como explicará isso? Como alguém poderá não sentir remorso em tirar de uma mulher, o seu marido, de uma mãe, o seu filho, das crianças, o seu pai e com ele, o sustento delas?".
Certamente, aquele que ofendeu deve uma satisfação. Não seria muito mais honroso para ele reparar a ofensa espontaneamente, reconhecendo seu erro? Por que, então, arriscar a vida daquele que tem o direito de se queixar, convidando-o para um duelo? Concordo que, algumas vezes, o ofendido pode sentir-se seriamente atingido, seja em seu amor-próprio, seja em relação aos que lhe são caros. Não é somente o amor-próprio que está em jogo, o coração também está ferido e sofrendo muito. Ainda assim, é uma estupidez arriscar a vida contra um miserável capaz de praticar infâmias. Mesmo que ele venha a morrer, por acaso a afronta deixará de existir? O sangue derramado chamará ainda mais atenção sobre o fato, pois, se ele for falso, cairá por si mesmo no esquecimento, e se for verdadeiro, melhor seria que ele ficasse no silêncio. Nesse caso, só restaria a satisfação da vingança executada, nada mais. Triste satisfação, que já nesta vida deixa insuportáveis remorsos! E se o ofendido morrer, onde ficará a reparação da ofensa?
Quando a caridade for a regra de conduta entre os homens , eles deverão ajustar seus atos e palavras ao ensinamento de Jesus: "Não façam aos outros o que não gostariam que os outros fizessem a vocês". Quando isso acontecer, desaparecerão todas as causas de desavenças, e, com elas os duelos e também as guerras, que são duelos entre povos!
O Evangelho Segundo o Espiritismo | Allan Kardec | Por Claudio Damasceno Ferreira Junior | Capítulo 12 | Página 156 | Bem-aventurados os Mansos e Pacíficos
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