segunda-feira, 17 de abril de 2017

O Homem no Mundo


Um Espírito Protetor - Bordeaux 1863.

10 - Um sentimento de piedade deve sempre orientar o coração daqueles que se reúnem sob os olhos do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purifiquem seus corações, não se perturbem por pensamentos fúteis ou mundanos. Elevem seus pensamentos em direção aos Espíritos que evocam, para que eles possam encontrar em vocês as condições necessárias para poder ajudá-los, inspirando-lhes os sentimentos da caridade e da justiça.

Não acreditem que, ao incentivar a prece e a evocação dos bons Espíritos, desejamos que vocês vivam uma vida mística, que os coloque fora da Leis da Sociedade onde estão obrigados a viver. Não é assim! Procurem viver com os homens de sua época, vivam como eles vivem. Se sacrificarem as necessidades de pureza, para que essa renúncia possa ser santificada.

Se forem obrigados a conviver com Espíritos de natureza diferente, com características opostas às que possuem, não devem afrontar nem contrariar esses Espíritos. Sejam alegres e felizes, mas com uma alegria que venha de uma consciência tranquila. Vivam com a felicidade de um herdeiro do Céu, que conta os dias que faltam para o seu retorno.

A virtude não consiste em assumir um aspecto severo e sombrio, rejeitando os prazeres que a condição humana permite. Basta que todos os atos de vocês sejam regidos pela Lei do Criador, que deu a vida a todos. Ao começarem uma obra, elevem o pensamento a Deus e peçam a Ele proteção, para que essa obra tenha êxito. Ao terminarem, peçam a Deus para que abençoe essa obra. Ao realizarem qualquer atividade, elevem também o pensamento a Deus, e procurem não realizar nada sem que a lembrança do Criador venha purificar e santificar a execução dessas tarefas.

A perfeição está inteiramente, como disse Cristo, na prática da caridade sem limites. O dever da caridade sem limites. O dever da caridade se estende a todas as posições sociais, desde a maior até a menor. O homem, se vivesse sozinho, não teria como praticar a caridade. É no contato com seus semelhantes, na luta difícil do dia a dia, que ele encontra a ocasião para praticá-la. Aquele que se isola, priva-se, voluntariamente, do meio mais poderoso para aperfeiçoar. Ao pensar apenas em si, sua vida é a de um egoísta (veja, nesta obra cap. 5:26).

Não imaginem que para viver em comunicação conosco, para viver sob a observação do Senhor, seja preciso entregar-se ao *cilício e cobrir-se de cinzas. Não! Mais uma vez, não! Sejam felizes, de acordo com as necessidades humanas, mas que essa felicidade nunca tenha um pensamento ou um ato que possa ofender a Deus, ou entristecer o semblante daqueles que amam e dirigem vocês. Deus é amor e abençoa aqueles que sabem amar.



*Cilício era uma túnica, cinto ou cordão de crina, que se trazia sobre a pele para mortificação ou penitência. O pano de saco ou “cilício” era um tecido grosseiro e resistente feito de pelos de cabra ou de camelo, utilizado para conter cereais, objetos e alimentos em geral. Esse pano de saco era devidamente cortado e vestido como uma roupa por algumas pessoas em algumas ocasiões. A cinza era o conhecido pó resultante da queima de alguma coisa. 





O Evangelho Segundo o Espiritismo | Allan Kardec | Por Claudio Damasceno Ferreira Junior Capítulo 17 | Página 210 | Sejam Perfeitos

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