segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Muitos São os Chamados e Poucos Os Escolhidos


Parábola da Festa de Núpcias

1- Jesus, falando, ainda, em parábolas disse: "O Reino dos Céus é semelhante a um rei que, querendo fazer uma festa para o casamento de seu filho, enviou seus servidores, para que chamassem os convidados para as bodas, mas eles se recusaram a vir. O rei, então, enviou outros servidores, com o seguinte recado aos convidados: 'Digam a eles que já preparei meu banquete, mandei matar meus bois e todos os animais que tinha engordado, tudo já está pronto, digam a eles que venham para as festividades'. Porém, os convidados desprezaram novamente o convite e se foram, uns para suas casas de campo, outros para os seus negócios. Outros, após terem insultado os servidores do rei, ainda os mataram. O rei, após saber o que aconteceu, ficou muito furioso, e enviou seus soldados, matando os assassinos e queimando suas cidades.

Então, o rei disse a seus servidores: 'As festividades estão prontas, mas os que foram convidados não eram dignos de participar. Vão pelas encruzilhadas e convidem para os festejos todos aqueles que encontrarem'. Os servidores do rei foram, então para as ruas e convidaram todos que encontravam, bons e maus, e a sala do banquete de núpcias ficou repleta de pessoas.

Em seguida o rei entrou na sala para ver os que estavam à mesa, e percebendo um homem que não estava com a roupa nupcial, lhe disse: 'Meu amigo, como entrou aqui sem ter a roupa nupcial?' E o homem permaneceu em silêncio. Então, o rei disse a seus servidores: 'Atem as mãos e os pés e lancem esse homem nas trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes, pois são os chamados e poucos os escolhidos' (Mateus, 22:1 a 14).

2 - O incrédulo ri desta parábola que lhe parece uma ingenuidade, pois não compreende que possa haver tanta dificuldade para ir a uma festa, ainda mais quando os convidados chegam ao ponto de massacrar os enviados do dono da casa. "As parábolas", diz o incrédulo, "trazem, sem dúvida, uma linguagem figurada, mas é preciso que elas não ultrapassem o limite do aceitável.

O mesmo pode-se dizer das fábulas mais criativas, quando não entendemos o seu verdadeiro sentido. Jesus criava Suas fábulas com os fatos mais comuns do dia a dia, e as adaptava aos costumes e ao caráter do povo a quem falava. A maioria delas tinha como objetivo fazer o povo compreender a ideia da vida Espiritual. Quando aqueles que interpretam as fábulas de Jesus não levam em conta o aspecto Espiritual, seu significado não é compreendido.

Nessa parábola, Jesus compara o Reino dos Céus, onde é tudo alegria e felicidade, a uma festa de núpcias. Em relação aos primeiros convidados, Ele refere-se aos hebreus, que foram os primeiros a serem chamados por Deus, para que conhecessem Suas Leis. Os enviados do rei são os Profetas, que convidaram os hebreus a seguirem o caminho da verdadeira felicidade. As palavras dos Profetas foram pouco escutadas, seus ensinamentos desprezados e muitos foram mesmo massacrados, como os servidores do rei na parábola da festa de núpcias. Os convidados que deixaram de comparecer, alegando que tinham que cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas absorvidas pelos problemas materiais e que não dão importância às coisas Espirituais.

Os judeus daquela época acreditavam que sua nação deveria ter o domínio sobre todas as outras. Deus não tinha prometido a Abraão que seus descendentes cobririam toda a Terra? Mas, como sempre acontece, os homens usaram o ensinamento Divino em interesse próprio, acreditando, realmente, que sua nação deveria dominar as outras no Plano Material.

Antes da vinda de Jesus, todos os povo, com exceção dos hebreus, eram idólatras, ou seja, adoravam ídolos de barro, estátuas, e eram, também, politeístas, pois acreditavam em vários deuses. Se alguns homens mais instruídos tinham a ideia de um Deus único, essa ideia ficava para eles, pois em nenhuma parte ela era aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciados, que escondiam seus conhecimentos sob o véu de mistério, inacessível à compreensão do povo. Os hebreus foram os primeiros que praticaram publicamente o monoteísmo, primeiro por Moisés, depois por Jesus. E foi desse pequeno foco que partiu a luz que deveria se espalhar pelo mundo inteiro, vencer o politeísmo e dar a Abraão, que foi o primeiro patriarca judeu a divulgar a crença em um Deus única, vários seguidores pelo mundo afora.

Os judeus, embora rejeitassem a idolatria, descuidaram-se do cumprimento das Leis Morais, para se dedicarem ao culto dos rituais exteriores, que era uma prática bem mais fácil. o mal tinha chegado a seu ponto mais alto. A nação, dominada pelos romanos, estava desfigurada pelas facções políticas, dividida pelas várias seitas. A descrença havia penetrado até mesmo no Templo de Jerusalém. Foi nesse período que Jesus foi enviado para chamar a atenção do povo judeu quanto à observância da Lei, e abrir para eles os novos horizontes da vida futura. Os judeus foram os primeiros a ser convidados para o grande banquete da fé universal, e, além de rejeitarem a palavra do Messias, ainda o crucificaram. Foi assim que perderam o fruto que poderiam ter escolhido por sua própria iniciativa.

Entretanto, não é justo acusar todo o povo hebreu por esse estado de coisas. A responsabilidade coube, principalmente, aos fariseus, com seu orgulho e fanatismo, e aos saduceus, com sua incredulidade. Juntos, esses dois segmentos arruinaram a nação. É a eles que Jesus comparou os convidados que se recusaram a comparecer à festa de núpcias. Depois Jesus acrescenta: "O rei, vendo isso, mandou convidar todos aqueles que se encontravam nas encruzilhadas, bons e maus". Quis dizer, desse modo, que a palavra de Deus seria pregada a todos os outros povos, incluindo os pagão, que não acreditavam em Deus, e os idólatras que adoravam ídolos de barro. Se estes aceitassem a palavra, seriam admitidos na festa de núpcias, no lugar do primeiros convidados.

Porém, não basta ser convidado, não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para fazer parte do Banquete Celestial. É preciso estar vestido com a roupa nupcial, ou seja, ter a pureza de coração e praticar a Lei levando em conta seu aspecto espiritual.

A Lei está toda contida nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Mas, dentre todos aqueles que ouvem a palavra de Deus, poucos são os que se interessam por ela e a colocam prática. Por isso, poucos são, também, aqueles que se tornam dignos de entrar no Reino dos Céus! Foi por isso que Jesus disse: "Muitos são os chamados e poucos os escolhidos!".

O Evangelho Segundo o Espiritismo | Allan Kardec | Por Claudio Damasceno Ferreira Junior | Capítulo 18 Página 213 | Muitos São Os Chamados E Poucos Os Escolhidos

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