sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Os Últimos Serão Os Primeiros



Instruções dos Espíritos

Constantino, Espírito Protetor - Bordeaux, 1863

2 - O trabalhador da última hora tem direito ao salário; para isso, é preciso que sua boa vontade permaneça à disposição do senhor que vai lhe oferecer o emprego, e que esse atraso não seja fruto de sua preguiça ou de sua má vontade. Ele tem direito ao salário porque, desde o amanhece, esperava impaciente aquele que o chamaria para trabalhar. Era trabalhar. Era trabalhador, apenas lhe faltava o trabalho.

Porém, se ele tivesse recusado o trabalho, a qualquer hora do dia, e se tivesse dito: "Tenham paciência! O repouso me faz bem. Quando me importa trabalhar para um senhor que não conheço, nem estimo? Quanto mais tarde, melhor." Esse, meus amigos, não receberia o salário do trabalhador, e sim o da preguiça.

E o que será daquele que, em vez de permanecer ocioso, empregar as horas destinadas ao trabalho para praticar a delinquência? Insultar Deus com palavras ultrajantes? Derramar o sangue de seus irmãos? Lançar desarmonia entre as famílias? Arruinar homens de boa fé? Abusar da inocência? Enfim, praticar todas as maldades humanas? O que será dele? Será suficiente dizer, na última hora: "Senhor, utilizei mal meu tempo, não quer me empregar até o fim do dia, para que eu faça, pelo menos, um pouco da minha tarefa e, assim, me pagar o salário do trabalhador de boa vontade?" Não. O Senhor dirá: "Não tenho nenhum trabalho para você no momento. Desperdiçou seu tempo, esqueceu o que havia aprendido e não sabe mais trabalhar na Minha vinha. Você deve recomeçar a sua aprendizagem e, quando estiver mais disposto, venha Me procurar e Eu lhe abrirei Meu vasto campo, onde poderá trabalhar a qualquer hora do dia."

Bons Espíritas, meus bem-amados, todos vocês são os trabalhadores da última hora. Pode sentir-se bem orgulhoso o homem que disser: "Comecei meu trabalho ao alvorecer do dia e só terminei ao anoitecer." Todos vocês vieram quando foram chamados, uns mais cedo, outros um pouco mais tarde, para a reencarnação que agora estão vivendo. Porém, há quantos séculos o Senhor os está chamando para trabalhar em Sua vinha, sem que aceitem o convite? É chegado o momento de receber o salário, empreguem bem esta hora que resta e nunca esqueçam que a existência, por mais longa que possa parecer, não passa de um momento muito breve na imensidade dos tempos que formam, para vocês, a eternidade.

Henri Heine - Paris, 1863.

3 - Jesus empregava a simplicidade dos símbolos em Sua linguagem. Os trabalhadores da primeira horam foram Moisés, os Profetas e todos os espíritos superiores que reencarnaram para iniciar as diversas etapas do progresso. Eles foram os porta-vozes da Espiritualidade. Os trabalhadores da segunda hora foram os primeiros mártires, aqueles que deram sua vida pelo Cristianismo, os apóstolos, os sábios, os filósofos, os Pais da Igreja, entre eles, Santo Agostinho e São Tomaz de Aquino. Os trabalhadores da última hora são os Espíritas. eles foram anunciados e profetizados desde a vinda de Jesus e, mesmo chegando por último, eles receberão uma recompensa ainda maior.

Por serem os últimos a chegar, os Espíritas aproveitam o trabalho intelectual já realizado por seus antecessores, pois o homem deve herdar do homem. O trabalho dos Espíritas e seus resultados são coletivos, e Deus abençoa a solidariedade. Muitos daquela época revivem hoje, ou reviverão amanhã, para completar a obra que outrora iniciaram. Mais de um Patriarca, mais de um Profeta, mais de um discípulo do Cristo, mais de um propagador da fé cristã encontra-se entre vocês. Eles estão mais esclarecidos, mais adiantados, por isso, trabalham, hoje, na cúpula do edifício e não mais na base. Seus salários serão proporcionais ao seu mérito na obra.

A reencarnação valoriza e faz com que a filiação espiritual se torne eterna. O Espírito, chamado a prestar contas de seu mandato terreno, sente no ar o pensamento de seus antecessores e compreende que a tarefa, que outrora começou, deve continuar. Então, retorna para a luta, amadurecido pela experiência adquirida e procura avançar ainda mais. Todos os trabalhadores, tanto da primeira como da última hora, compreendem a profunda Justiça de Deus e, em vez de se lamentarem, passam a adorá-lo.

Um dos verdadeiros sentidos dessa parábola, em que os últimos serão os primeiros, como em todas as outras parábolas que Jesus dirigiu ao povo, contém o ensinamento de que a vida continua no futuro. As parábolas trazem, através de suas formas e imagens, a compreensão da magnífica harmonia entre todas as coisas do Universo e da solidariedade que liga os seres de hoje com o passado e o futuro.


O Evangelho Segundo o Espiritismo | Allan Kardec | Por Claudio Damasceno Ferreira Junior | Capítulo 20 | Página 230 | Os Trabalhadores Da Última Hora

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