domingo, 11 de dezembro de 2022

Muitos São Os Chamados E Poucos Os Escolhidos

CAPÍTULO XVIII

Muitos São Os Chamados 
E Poucos Os Escolhidos

• Parábola da Festa de Núpcias •  A Porta Estreita
 • Nem Todos Os Que Dizem "Senhor! Senhor!" Entrarão no Reino Dos Céus • A Quem Muito Foi Dado, Muito Será Pedido


Instruções Dos Espíritos:

• Será Dado Àquele Que Já Tem
• Reconhece-se O Cristão Pelas Suas Obras


Parábola da Festa de Núpcias

1. Jesus, falando, ainda, em parábolas disse: "O Reino dos Céus é semelhante a um rei que, querendo fazer uma festa para o casamento de seu filho, enviou seus servidores para que chamassem os convidados para as bodas, mas eles se recusaram a vir. O rei, então, enviou outros servidores, com o seguinte recado aos convidados: 'Digam a eles que já preparei meu banquete, mandei matar meus bois e todos os animais que tinha engordado, tudo já está pronto, digam a eles que venham para as festividades.'. Porém, os convidados desprezaram novamente o convite e se foram, uns para suas casas de campo, outros para os seus negócios. Outros, após terem insultado os servidores do rei, ainda os mataram. O rei, após saber o que aconteceu, ficou muito furioso, e enviou seus soldados, matando os assassinos e queimando suas cidades.

Então, o rei disse a seus servidores: 'As festividades estão prontas, mas os que foram convidados não eram dignos de participar. Vão pelas encruzilhadas e convidem para os festejos todos aqueles que encontrarem.'. Os servidores do rei foram, então, para as ruas e convidaram todos que encontravam, bons e maus e a sala do banquete de núpcias ficou repleta de pessoas.

Em seguida o rei entrou na sala para ver o que estavam à mesa, e percebendo um homem que não estava com a roupa nupcial, lhe disse: 'Meu amigo, como entrou aqui sem ter a roupa nupcial?'. E o homem permaneceu em silêncio. Então, o rei disse a seus servidores: 'Atem as mãos e os pés e lancem esse homem nas trevas exteriores onde haverá pranto e ranger de dentes, pois muitos são os chamados e poucos os escolhidos.'" (Mateus, 22:1 a 14)

2. O incrédulo ri desta parábola que lhe parece uma ingenuidade, pois não compreende que possa haver tanta dificuldade para ir a uma festa, ainda mais quando os convidados chegam ao ponto de massacrar os enviados do dono da casa. "As parábolas", diz o incrédulo, "trazem, sem dúvida, uma linguagem figurada, mas é preciso que elas não ultrapassem o limite do aceitável.".

O mesmo pode-se dizer das fábulas mais criativas, quando não entendemos o seu verdadeiro sentido. Jesus criava Suas fábulas com os fatos mais comuns do dia a dia, e as adaptava aos costumes e ao caráter do povo a quem falava. A maioria delas tinha como objetivo fazer o povo compreender a ideia da vida Espiritual. Quando aqueles que interpretam as fábulas de Jesus não levam em conta o aspecto Espiritual, seu significado não é compreendido.

Nessa parábola, Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é alegria e felicidade, a uma festa de núpcias. Em relação aos primeiros convidados, Ele refere-se aos hebreus, que foram os primeiros a serem chamados por Deus, para que conhecessem Suas Leis. Os enviados do rei são os Profetas, que convidaram os hebreus a seguirem o caminho da verdadeira felicidade. As palavras dos Profetas foram pouco escutadas, seus ensinamentos desprezados e muitos foram mesmo massacrados, como os servidores do rei na parábola da festa de núpcias. Os convidados que deixaram de comparecer, alegando que tinham que cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas absorvidas pelos problemas materiais e que não dão importância às coisa Espirituais.

Os judeus daquela época acreditavam que sua nação deveria ter o domínio sobre todas as outras. Deus não tinha prometido a Abraão que seus descendentes cobririam toda a Terra? Mas, como sempre acontece, os homens usaram o ensinamento Divino em interesse próprio, acreditando, realmente, que sua nação deveria dominar as outras no Plano Material.

Antes da vinda de Jesus, todos os povos, com exceção dos hebreus, eram idólatras, ou seja, adoravam ídolos de barro, estátuas, e eram, também, politeístas, pois acreditavam em vários deuses. Se alguns homens mais instruídos tinham a ideia do Deus único, essa ideia ficava para eles, pois em nenhuma parte ela era aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciado, que escondiam seus conhecimentos sob um véu de mistério, inacessível à compreensão do povo. Os hebreu foram os primeiros que praticaram publicamente o monoteísmo, ou seja, a crença em um Deus único. Foi a eles que Deus transmitiu Sua Lei, primeiro por Moisés, depois por Jesus. E foi desse pequeno foco que partiu a luz que deveria se espalhar pelo mundo inteiro, vencer o politeísmo e dar a Abraão, que foi o primeiro patriarca judeu a divulgar a crença em Deus único, vários seguidores pelo mundo afora.

Os judeus, embora rejeitassem a idolatria, descuidaram-se do cumprimento das Leis Morais, para se dedicarem ao culto dos rituais exteriores, que era uma prática bem mais fácil. O mal tinha chegado a seu ponto mais alto. A nação, dominada pelos romanos, estava desfigurada pelas facções políticas, dividida pelas várias seitas. A descrença havia penetrado até mesmo no Templo de Jerusalém. Foi nesse período que Jesus foi enviado para chamar a atenção do povo judeu quanto à observância da Lei, e abrir para eles os novos horizontes da vida futura. Os judeus foram os primeiros a serem convidados para o grande banquete da fé universal, e, além de rejeitarem a palavra do Messias, ainda o crucificaram. Foi assim que perderam o fruto que poderiam ter colhido por sua própria iniciativa.

Entretanto, não é justo acusar todo o povo hebreu por esse estado de coisas. A responsabilidade coube, principalmente, aos fariseus, com seu orgulho e fanatismo, e aos saduceus, com sua incredulidade. Juntos, esses dois segmentos arruinaram a nação. É a eles que Jesus comparou os convidados que se recusaram a comparecer à festa de núpcias. Depois, Jesus acrescenta: "O rei, vendo isso, mandou convidar todos aqueles que se encontravam nas encruzilhadas, bons e maus.". Quis dizer, desse modo, que a palavra de Deus seria pregada a todos os outros povos, incluindo os pagãos, que não acreditavam em Deus, e os idólatras que adoravam ídolos de barro. Se estes aceitassem a palavra, seriam admitidos na festa de núpcias, no lugar dos primeiros convidados.

Porém, não basta ser convidado, não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para fazer parte do Banquete Celestial. É preciso estar vestido com a roupa nupcial, ou seja, ter a pureza de coração e praticar a Lei levando em conta seu aspecto espiritual.

A Lei está toda contida nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Mas, dentre todos aqueles que ouvem a palavra de Deus, poucos são os que se interessam por ela e a colocam em prática. Por isso, poucos são, também, aqueles que se tornam dignos de entrar no Reino dos Céus! Foi por isso que Jesus disse: "Muitos são os chamados e poucos os escolhidos."

A Porta Estreita

3. Entrem pela porta estreita, pois a porta da perdição é larga e o caminho que a ela conduz é espaçoso, e há muitos que por ela entram. Como é pequena a porta da vida! Como o caminho que conduz a essa porta é estreito! E como há poucos que a encontram! (Mateus, 7:13 e 14).

4. Alguém da multidão perguntou a Jesus: "Senhor, são poucos os que se salvam?". E Ele respondeu: "Vocês devem se esforçar para entrar pela porta estreita, pois Eu asseguro que muitos tentarão entrar por ela e não conseguirão. E depois que o pai de família entrar e fechar a porta, vocês, tendo ficado do lado de fora, irão bater à porta dizendo: 'Senhor, abra a porta para nós.' E Ele responderá: 'Eu não sei de onde vocês são.' Então, começarão a dizer: 'Comemos e bebemos na Sua presença, recebemos seus ensinamentos em nossas praças públicas.'. E Ele responderá: 'Não sei de onde são, afastem-se de Mim, todos vocês que cometem atoa de injustiça. Quando virem Abraão, Isaac e Jacó e todos os Profetas no Reino de Deus, e vocês ficarem excluídos, haverá choro e ranger de dentes. Virão do Oriente e do Ocidente, do Sul e do Norte, muitos os que terão lugar na festa do Reino de Deus. Então, aqueles que foram os últimos, serão os primeiro, e os que foram os primeiros, serão os últimos.". (Lucas, 13:23 a 30)

5. A porta da perdição é larga porque as más paixões são numerosas e o caminho do mal é frequentado pela maioria. A porta da salvação é estreita porque o homem que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer suas más tendências e poucos se submetem a isso. É a constatação do ensinamento moral: "Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.".

Esse é o estado atual da Humanidade terrena, e a Terra é um mundo de expiações onde o mal ainda predomina. Quando a Humanidade terrena evoluir, moral e intelectualmente, transformará a Terra em um mundo de regeneração, e o caminho do bem será mais frequentado. Esse ensinamento deve ser sempre entendido no seu verdadeiro significado, ou seja, de que a Humanidade está sempre em evolução. Se o estado normal da Humanidade fosse viver em um mundo de expiações, Deus estaria condenando, voluntariamente, à perdição, a maior parte de Suas criaturas, suposição esta que não pode ser admitida, desde que se reconheça que Deus é todo justiça e todo bondade.

A ideia de viver uma única existência faz o bem estar sempre em condição consigo mesmo e com a Justiça de Deus. Se a alma nada fez de ruim antes dessa vida, por que a Humanidade mereceria uma sorte tão triste, no presente e no futuro, tendo que viver num mundo de expiações como a Terra? Por que tanto entraves no caminho? Qual a necessidade de uma porta tão estreita, onde somente poucos conseguem transpor, se a sorte da alma está definitivamente fixada após a morte? Com o ensinamento de que a alma já viveu várias existências e de que existem diversos mundos habitados, o horizonte do homem de alarga e a luz ilumina os pontos menos esclarecidos da fé. O presente e o futuro tornam-se consequência do passado. Só assim podemos compreender toda grandeza, toda a verdade e toda a sabedoria dos ensinamentos morais do Cristo.


Nem Todos Os Que Dizem "Senhor! Senhor!"
Entrarão No Reino Dos Céus

6. Nem todos os que dizem: "Senhor! Senhor!" entrarão no Reino dos Céus. Apenas entrarão aqueles que fazem a vontade de Meu Pai que está nos Céus. Muitos vão dizer "Senhor! Senhor!" Não profetizamos em Seu nome? Não expulsamos os demônios, e também não fizemos diversos milagres em Seu nome?". E então, Eu direi em voz alta: "Afastem-se de Mim, todos vocês que cometem atos de injustiça" (Mateus, 7:21 a 23).

7. Todo aquele que ouvir e praticar as palavras que Eu digo, será comparado a um homem sábio que construiu sua casa sobre a rocha. Quando a chuva veio e os rios transbordaram e os ventos sopraram, ela não caiu, pois foi construída sobre uma base firme. Mas todo aquele que ouvir e não praticar as palavras que Eu digo, será como o homem insensato que construiu sua casa sobre a areia. Quando a chuva caiu e os rios transbordaram e os ventos sopraram, ela desmoronou e foi grande o prejuízo de seu dono (Mateus, 7:24 a 27; Lucas, 6:46 a 49).

8. Aquele que viola os mandamentos e que ensinar os homens a violá-los, será considerado como o último no Reino dos Céus. Porém, aquele que seguir os mandamentos e ainda ensinar a outros, será o primeiro no Reino dos Céus (Mateus, 5:19).

9. Todos os que reconhecem a missão de Jesus dizem "Senhor! Senhor!". Mas para que server chamá-lo de Mestre ou Senhor, se os Seus ensinamentos não são seguidos? Será que são Cristãos aqueles que O adoram apenas pela aparência e, ao mesmo tempo, se entregam ao orgulho, ao egoísmo, à ambição e a todas as paixões? Será que são Seus discípulos, aqueles que passam dias rezando e não se tornam melhores, nem mais caridosos, nem mais tolerantes para com seus semelhantes? Não! Porque, assim como os fariseus, eles têm a prece nos lábios e não no coração. Com o ritual, eles podem se impor aos homens, mas não a Deus. É em vão que eles dirão a Jesus: "Senhor, profetizamos, ou seja, ensinamos em Seu nome, expulsamos os demônios em Seu nome, bebemos e comemos com o Senhor.", pois Eles lhes responderá: "Não sei quem são vocês, afastem-se de Mim, todos vocês que cometem atos de injustiça, que desmentem suas palavras com suas ações, que caluniam o próximo, que despojam as viúvas e cometem adultério. Afastem-se de Mim, vocês cujo coração destila ódio e fel, que derramam o sangue de seus irmãos em Meu nome, que fazem correr as lágrimas em vez de secá-las. Para vocês, haverá choro e ranger de dentes, porque o Reino de Deus é para aqueles que são mansos, humildes e caridosos. Não esperem enganar a justiça do Senhor pela quantidade de palavras que dizem ao rezar e pelo número de vezes que se ajoelham. O único meio para alcançar a graça perante Ele é a prática sincera da Lei do Amor e da Caridade". 

As palavras de Jesus são eternas porque representam a verdade. Elas garantem a passagem para a Vida Celeste, como também garantem a paz, a tranquilidade e a estabilidade para os homens durante a Vida Terrena. Eis por que todas as instituições humanas, políticas, sociais e religiosas que se apoiarem em Suas palavras serão estáveis como a casa construída sobre a rocha, e os homens irão conservá-las porque nelas encontrarão sua felicidade. Porém, aquelas instituições que violarem a palavra de Jesus, serão como a casa construída sobre a areia, onde o vendo das transformações e o rio do progresso irão arrastá-las.


A Quem Muito Foi Dado, Muito Será Cobrado

10. O servidor que conhece a vontade do seu Senhor, e não fez o que lhe foi pedido, será punido com muito mais rigor. Aquele que não conhece a vontade do seu Senhor e fez coisas dignas de castigo, será punido com menos rigor. Aquele a quem muito foi dado, muito será pedido e cobrado. Uma grande prestação de contas será exigida daquele a quem muitas coisas foram confiadas (Lucas, 12:47 e 48).

11. Jesus disse: "Eu vim a este mundo para fazer um julgamento, a fim de que aqueles que não enxergam as verdades que foram ensinadas, passem a enxergá-las. E aqueles que já as enxergam se tornem cegos para as coisas que atrapalham o seu progresso." Alguns fariseus que estavam com Jesus, ao ouvirem essas palavras, Lhe perguntaram: "Por acaso, nós também somo cegos?". E Jesus lhes respondeu: "Se vocês fossem cegos, não teriam pecados. Porém, agora estão me dizendo que enxergam, ou melhor, que conhecem a Lei de Deus. E, se ainda assim não a praticam, é por isso que o pecado permanece em vocês." (João, 9:31 a 41).

12. Essas palavras de Jesus encontra, sua aplicação, especialmente, no ensinamento dos Espíritos. É certamente culpado todo aquele que conhece a Doutrina do Cristo e não a pratica. O Evangelho, que contém os ensinamentos de Jesus, é difundido apenas entre as religiões cristãs. E, mesmo entre essas religiões, muitas pessoas não o leem, e, entre aquelas que leem, muitas não conseguem compreendê-lo" Disso resulta que as palavras do Cristo ficam perdidas para um grande número de pessoas.

Os Espíritos, pelo fato de se comunicarem em todos os lugares, procuram explicar as palavras de Jesus de uma forma universal, para que todos possam entendê-las. Cultos ou incultos, crentes ou incrédulos, cristãos ou não, qualquer um pode recebê-las. Ninguém que recebeu o ensinamento, diretamente dos Espíritos ou por intermédio de outras pessoas, poderá alegar ignorância, nem desculpar-se por não possuir instrução, nem dizer que o ensinamento não possui clareza ou que possui sentido figurado. Assim, aquele que conhece os ensinamentos de Jesus e não os utiliza para melhorar sua conduta, tornando-se menos fútil, menos orgulhoso, menos egoísta, menos apegado aos bens materiais, que não se melhora em relação ao próximo, é muito mais culpado porque teve mais meios de conhecer a verdade. Essas pessoas admiram os ensinamentos como coisas interessantes e curiosas, mas eles não tocam seus corações.

Os médiuns que recebem boas comunicações são ainda mais culpados se persistirem no mal, pois, muitas vezes, escrevem sua própria condenação. Se não fossem cegos pelo orgulho, reconheceriam que é a eles mesmos que os Espíritos se dirigem. Mas em vez de tomarem para si as lições das mensagens que recebem, seu único pensamento é o de aplicá-las aos outros, confirmando, assim, as palavras de Jesus: "Veem o cisco que está no olho do próximo e não veem a trave que está no seu." (ver nesta obra, cap. 10:9)

Por essas palavras: "Se fossem cegos, não teriam pecados.", Jesus confirma que a culpa está na razão direta do conhecimento que possui. Os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e que, de fato, eram, a parcela mais esclarecida da nação, eram mais culpados aos olhos de Deus do que o povo ignorante.

O mesmo acontece hoje. Aos Espíritas, muito será pedido, porque muito receberam, mas aqueles que aproveitarem o ensinamento, muito receberão em troca.

O primeiro pensamento de todo Espírita sincero deve ser o de procurar, no conselho dado pelos Espíritos, se não existe alguma coisa que lhe diga respeito.

O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados, e, pela fé que proporciona, multiplicará, também, o número de escolhidos.



Instruções dos Espíritos

Será dado Àquele Que Já Tem
Um Espírito Amigo - Bordeaux, 1862.

13. Os discípulos de Jesus lhe perguntaram: "Por que o Senhor fala por parábolas?" E Ele respondeu: "Aos Meus discípulos foi permitido conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas aos outros isso não foi permitido. Porque aquele que já tem conhecimento, que trabalhou e produziu boas obras, será dado ainda mais, e ele ficará na abundância. Aquele que não tem, porque não se interessou em aprender, não trabalhou, nem produziu boas obras, lhe será retirado até mesmo o pouco que tem. É por isso que Eu falo por parábolas, porque ai ver, eles nada enxergam, e, ao ouvir, nada compreendem. Neles se cumpre a profecia de Isaías, que disse: "Escutarão com seus ouvidos e não entenderão, olharão com seus olhos e não enxergarão." (Mateus, 13:10 a 14)

14. Jesus disse: "Prestem atenção ao que vão ouvir - vocês serão medidos com a mesma medida que usarem para medir os outros e ainda lhes será acrescido um pouco mais. Porque aqueles que têm, receberão ainda mais e aqueles que não têm, até mesmo o pouco que possuem lhes será retirado." (Marcos, 4:24 a 25)

15. Dar para aqueles que têm e retirar daqueles que não têm. Meditemos um pouco sobre esse grande ensinamento, que, muitas vezes, parece contraditório.

Aqueles que receberam são aqueles que entenderam i ensinamento de Deus. Receberam porque se esforçaram e se tornaram dignos para tanto. O Senhor, em Seus amor misericordioso, encoraja aqueles cujos esforços tendem para o bem. A dedicação daqueles que perseveram atraem as graças do Senhor. É como um ímã que atrai as coisas boas e os torna fortes para subirem a montanha sagrada, no alto da qual encontrarão o repouso após o trabalho.

Tirar daqueles que nada têm, ou têm pouco. Entendamos isso como um ensinamento figurado. Deus não retira de Suas criaturas o bem que se dignou a fazer-lhes. Homens cegos e surdos! Abram suas inteligências e seus corações. Vejam pelo Espírito, entendam pela alma e não interpretem de maneira tão grosseira as palavras de Jesus. Não é Deus quem retira daqueles que receberam pouco, são os próprios homens que, esbanjadores e descuidados, não sabem conservar o que possuem. Não sabe, aumentar, pelo esforço de seus trabalhos, a dádiva que receberam em seus corações.

O filho que herdou de seu pai um campo e que, por não cultivá-lo, vê esse campo cobrir-se de ervas daninhas, poderá dizer que seu pai é culpado pelas colheitas que não colheu? Se ele, por falta de cuidado, deixou morrer no campo os grãos que estavam destinados a produzir, deve acusar seu pai pela falta de produção? Em vez de acusar o pai, que tudo lhe deu e agora lhe retoma os bens, deve acusar a si mesmo, porque ele é o verdadeiro responsável por seu fracasso. Quando se arrepender, deve se entregar ao trabalho, com fé e coragem, preparando o solo improdutivo com o esforço de sua vontade. Deve trabalhar com amor no coração, pois com o auxílio do arrependimento e da esperança semeará, com confiança, os grãos que escolheu como bons e os regará com seu amor e sua dedicação. Assim, o Deus de amor e bondade dará ainda mais para aquele que já tem, e ele verá seus esforços coroados de sucesso, vendo um grão produzir cem e outro mil. Coragem, trabalhadores! Peguem seus arados e retirem a discórdia de seus corações. Semeiem a boa semente que o Senhor fornece, e o sentimento de amor fará com que produzam frutos de caridade.


Reconhece-se o Cristão Pelas Suas Obras
Simeão - Bordeaux, 1863.

16. "Nem todos os que dizem "Senhor, Senhor!" entrarão no Reino dos Céus, mas apenas aqueles que fizerem a vontade de Meu Pai que está nos Céus.".

Escutem a palavra do Mestre, todos vocês que rejeitam a Doutrina Espírita e a tem como obra do demônio. Abram os ouvidos, pois já é tempo de compreender.

Será que basta trazer o símbolo do Senhor para ser Seu fiel servidor? Será que basta dizer "Eu sou Cristão" para seguir o Cristo? Procurem os verdadeiros cristãos e eles serão reconhecidos por suas obras. Jesus falou: "Uma árvore boa não pode dar maus frutos, assim como uma árvore ruim não pode dar bons frutos. Toda árvore que não dá bons frutos, será cortada e lançada ao fogo.". Discípulos do Cristo! Compreendam bem essas palavras. Quais são os frutos que deve produzir a árvore do Cristianismo, árvore majestosa, cujos ramos frondosos cobrem com sua sombra uma parte do mundo, mas que ainda não abriga todos aqueles que deveriam se reunir ao seu redor? Os frutos da árvore da vida são os frutos da esperança e da fé. O Cristianismo, como vem fazendo há muitos séculos, continua pregando sempre as virtudes Divinas, procurando distribuir seus frutos, mas são poucos aqueles que os colhem! A árvore é sempre boa, mas os jardineiros são maus. Eles procuram moldá-la segundo suas ideias e necessidades. Por isso, cortaram, diminuíram e mutilaram a árvore do Cristianismo. Seus ramos já não produzem mais frutos. O viajante cansado, que sob a sua sombra procura o fruto da esperança, que deveria lhe dar força e coragem, encontra apenas ramos áridos que prenunciam o mau tempo. Em vão, ele pede para a árvore da vida que lhe dê o fruto da vida. As folhas caem secas aos seus pés. A mão do homem mexeu tanto, que ela secou!

Abram seus ouvidos e seus corações, meus bem-amados! Cultivem a árvore da vida, cujos frutos dão a vida eterna. Aquele que a plantou os convida a cuidar dela com amor, para vê-la dar, ainda, com abundância, seus frutos Divinos. Deixem a árvore da vida tal como o Cristo a entregou a vocês: não a mutilem; ela quer estender, sobre o Universo, sua imensa sombra, portanto, não cortem seus ramos. Seus frutos generosos caem em abundância para sustentar o viajante faminto que anseia deixá-los apodrecer, a fim de que não sirvam a ninguém. Se muitos são os chamados e poucos os escolhidos, é porque existem os monopolizadores do pão da vida, como existem os monopolizadores do pão material. Não estejam entre eles, pois a árvore que produz bons frutos deve distribuí-los para todos. Procurem aqueles que estão famintos e os tragam para a sombra da árvore, dividindo com eles o abrigo que ela oferece. Não se colhem uvas dos espinheiros. Meus irmãos, afastem-se daqueles que os chamam somente para mostrar o lado ruim das coisas e sigam aqueles que irão conduzi-los à sombra da árvore da vida.

Jesus disse, e Suas palavras não passarão: "Nem todos aqueles que Me dizem 'Senhor, Senhor!' entrarão no Reino dos Céus, mas só aqueles que fizerem a vontade de Meu Pai que está nos Céus.".

Que o Senhor de bênçãos os abençoe, que Deus de luz os ilumine, que a árvore da vida lhes ofereça seus frutos com abundância! Creiam e orem!


Comentários

1. Roupa Nupcial - Naquela época, quando alguém recebia do rei o convite para um banquete de núpcias, recebia junto uma roupa que era uma espécie de túnica, e seu uso era obrigatório na festa. Entrar sem vestir os trajes que o rei oferecia era uma grande ofensa, uma demonstração de desprezo para quem fez o convite e um desrespeito. O sentido da roupa nupcial, nessa parábola, é o de que não basta ser convidado, é preciso estar preparado, ou seja, fazer boas obras, ajudar o próximo, possuir amor, pureza, humildade, bondade e todas as qualidades necessárias para entrar no Reino dos Céus.

Trevas exteriores - O termo ser lançado nas trevas exteriores significa ir para um lugar ruim, onde não existe o bem. Provavelmente, Jesus refere-se ao umbral, mas, naquela época, essa palavra não era utilizada, uma vez que o conhecimento sobre esse assunto veio bem mais tarde.

Pranto e ranger de dentes - Significa o extremo sofrimento, o remorso daqueles que não reformaram sua conduta, que não se emprenharam em vencer seus vícios e defeitos, substituindo-os por virtudes. Terão encarnações dolorosas, onde passarão pela dor da expiação.

2. Hebreus - Era o nome primitivo do povo judaico.

13. Parábola - É a narração de uma história figurada, simbólica, sob a qual se escondem ensinamentos importantes, geralmente, de cunho moral e que devem ser seguidos.

14. Aqueles que têm, receberão ainda mais - Jesus refere-se ao conhecimento espiritual, pois, para aquele que possui conhecimento dos bens espirituais, mais conhecimento lhe será dado, porque ele já está pronto para receber, e ele ficará na abundância. Entretanto, aquele que não desenvolve os bens espirituais, o pouco progresso que possui fica estacionados e ele tem a sensação de perda.

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